O preso José de Arimatéia
Pereira Faria de Carvalho, o Pequeno, 35 anos, apontado como integrante da
cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), passou pelo corpo de segurança da
Penitenciária Federal de Mossoró no Rio Grande do Norte e teve acesso
a duas espingardas calibre 12.
O episódio, até então
escondido a sete chaves, aconteceu em 28 de dezembro do ano passado, nas
vésperas das festas de fim de ano, e pôs em xeque a vigilância no presídio
federal, considerado uma unidade de segurança máxima.
Pequeno estava na cela
03 da ala B quando foi levado pelos agentes federais, Carlos Bruno Araújo
da Silva e Cláudio César Bastos Alves para o pátio de banho de sol.
Junto com Pequeno
foram levados o parceiro dele, Cristiano Dias Gangi, o Crisão,
também apontado como integrante da cúpula do PCC, e o preso Adriano
Hilário dos Santos, da cela 35B. Os três ficaram no mesmo pátio e um
quarto detento tomava banho de sol isolado em um local ao lado.
Os agentes Carlos e
Cláudio e o prisioneiro Pequeno foram ouvidos em declarações no processo
disciplinar instaurado para apurar ato infracional atribuído aos dois
integrantes do PCC.
No depoimento, Carlos
afirmou que depois de deixar os três presos no banho de sol retornou com o
agente Cláudio à ala B para realizar revista nas celas.
Ele acrescentou que
enquanto faziam a revista na primeira cela perceberam que o interno Pequeno se
aproximava correndo na direção deles portando uma espingarda calibre 12.
O preso deixou a outra
arma no corredor da mesma ala, onde as armas tinham sido deixadas pelos
agentes. Segundo Carlos, Pequeno gritou para eles: “perdeu, perdeu”. Os agentes
conseguiram fechar a porta da cela. Carlos contou que tomou um susto por causa
da gravidade da situação.
Ele disse também que
Pequeno conseguiu abrir brechas na porta da cela e apontar a espingarda em
direção aos dois agentes e que o preso só não atirou porque a arma estava
travada ou em pane.
O agente Cláudio
declarou no depoimento que empurrou a porta e o preso para trás e conseguiu
segurar a espingarda. Afirmou ainda que em seguida ele e Carlos, depois de
muita resistência, jogaram o preso no chão, o imobilizaram, o desarmaram e o
algemaram.
Os agentes não
souberam explicar como Pequeno conseguiu sair do pátio do banho de sol.
Cláudio, porém, disse acreditar que Pequeno saiu através de um pequeno vão nas
grades onde os presos são algemados.
O agente ainda tem
dúvidas e ele pontuou no depoimento que o vão entre as grades onde os
presos são algemados é muito pequeno.
Carlos e Cláudio
disseram que a intenção de Pequeno era atirar neles, pegar chaves de celas,
soltar os presos e dar início à rebelião. Eles explicaram que as balas da
espingarda são de borracha, mas que se os disparos fossem disparados à curta
distância, como era o caso, poderiam ser letais.
Pequeno também foi
ouvido e negou a intenção de atirar nos agentes e de abrir as outras celas para
promover uma rebelião no presídio. Ele afirmou que seu objetivo era render os
guardas, colocar o uniforme de um deles e tentar a fuga sozinho.
O prisioneiro disse
que não atirou nos agentes porque não quis, pois entende de armas e a
espingarda calibre 12 não apresentava pane nem estava travada. “Eu não
tinha intenção em nenhum momento de efetuar disparos. Minha intenção era
apenas ameaçar e tentar fugir”, contou.
Os dois presos correm
o risco de ficar um ano em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Trata-se de
um castigo no qual os presos não recebem visita, não tem acesso a rádio, TV,
jornal e revista e ficam isolados em cela individual 24 horas, todos os dias.
Pequeno é condenado a
86 anos e dois meses de prisão e Crisão a 62 anos e nove meses. Ambos foram
transferidos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São
Paulo, para a Penitenciária Federal de Mossoró, em fevereiro de 2019.
No dia 23 de março
deste ano, o juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, do Rio Grande do Norte,
deferiu o pedido de prorrogação do prazo de internação de Crisão no Presídio de
Mossoró até 7 de fevereiro de 2023.
Fim da Linha
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