O governo federal iniciou discussões para um novo programa de renegociação das dívidas de pequeno porte com a União. A ideia é repactuar débitos de quem deve até R$ 20 mil.
O novo programa, ainda em fase preliminar de estudos, tem sido chamado
informalmente de “Desenrola” do setor público e é visto como uma
medida com potencial para arrecadar bilhões de reais — ajudando no cumprimento
das metas de déficit zero em 2024 e 2025.
Segundo relatos, existem 37 milhões de protestos do governo federal
contra pessoas físicas e jurídicas. As dívidas somam R$ 569 bilhões, mas têm
valor individual relativamente modesto — são R$ 15,3 mil por protesto, em
média.
Os estudos sobre o novo “Desenrola” começaram depois de uma mudança
decidida pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para a cobrança de
débitos com o Fisco.
Em março, o valor mínimo para se ajuizar execuções fiscais aumentou de
R$ 10 mil para R$ 20 mil. A alteração teve como base um estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que identificou que, abaixo desse valor, o
governo muito dificilmente consegue recuperar uma cifra igual ou superior ao
custo do processo judicial.
Mesmo sem execução fiscal, os débitos continuam inscritos na Dívida
Ativa da União. Isso impede empresas de emitir certidão negativa de débito e
dificulta a concessão de empréstimos.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, já apresentou à
equipe econômica o plano de uma renegociação das dívidas com o setor público
abaixo de R$ 20 mil.
De acordo com fontes, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) mostrou interesse pelo plano. Na semana passada, França
conversou sobre isso com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A ideia é aplicar um desconto — de percentual ainda indefinido — sobre o
montante total da dívida. A quitação de 10% dos débitos acumulados com a União,
por exemplo, poderia elevar as receitas do governo em mais de R$ 50 bilhões.
É algo diferente de um “Refis” tradicional, em que multas e juros são
perdoados, além de haver parcelamento do débito em si.
Outro ponto de resistência tem a ver com a própria cobrança da PGFN.
Desde março, o órgão deixou de ajuizar processos para executar dívidas abaixo
de R$ 20 mil.
A questão é que, ao longo do tempo, a incidência de juros e correção
eleva o valor devido — que entra novamente na mira dos procuradores federais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário