O total de pessoas inscritas para o Enem vem caindo desde 2017, mas o
recuo se intensificou nos últimos anos. O recorde de
inscritos foi em 2014, quando mais de 8,7 milhões de pessoas se
candidataram para fazer as provas. Em 2017, mais de 6,1 milhões de pessoas se
inscreveram. Mas, em 2022 esse número caiu para
quase a metade, com pouco mais de 3,3 milhões de candidatos.
Agravado pela pandemia do novo coronavírus, o ano de 2021 foi o que
apresentou o menor interesse pelo Enem desde 2005, com apenas 3,1 milhões de
inscritos. O total foi inferior até ao ano de 2009, quando o exame passou a
permitir a entrada na maioria das faculdades. Antes disso, o Enem era feito
apenas para testar os conhecimentos dos concluintes do ensino médio.
Afastamento
Vários fatores podem explicar o que tem afastado os jovens e adultos do
Enem. Mas, com certeza isso não se deve a um fator subjetivo, disse a
professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ana Karina Brenner.
“É uma questão multifatorial e estrutural. Vem caindo desde 2015, mas
recuou mais acentuadamente a partir de 2017, quando o Enem deixou de ter a
dupla função que ele tinha: de avaliador que pontuava para dar ingresso ao
ensino superior e também de certificador de conclusão do ensino médio. Tinha
muita gente que se inscrevia para fazer o Enem não porque estava disputando uma
vaga no ensino superior, mas porque estava tentando se certificar para o ensino
médio, que era um diploma importante para abrir portas para o mercado de
trabalho”, explicou Ana Karina, em entrevista à Agência Brasil.
Mas, além da perda de sua função de certificador do ensino médio, outros
fatores ajudam a explicar o aumento do desinteresse dos jovens e adultos pelo
Enem. E um desses fatores é a dificuldade desses jovens conseguirem concluir o
ensino médio.
“Para fazer o Enem é preciso ter concluído o ensino médio. Os dados da
Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio] mostram que a gente ainda tem
um problema sério na produção de conclusão do ensino médio”, afirmou ela.
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