A região Nordeste viu
seus índices de violência aumentarem na medida em que as facções criminosas
avançaram sobre a região em uma disputa sangrenta por mercado e pontos de
escoamento de drogas para o exterior.
Há indícios também de
que facções estejam tentando coagir eleitores a não votarem em determinados
candidatos. No Rio Grande do
Norte, a situação parece ser ainda mais crítica. Os traficantes querem
infiltrar criminosos na política local.
Um relatório produzido
pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) indica que 33 dos 167
municípios do estado estão sob influência de facções como Sindicato do Crime e
PCC.
Interceptações
telefônicas feitas pelo MPRN com autorização da Justiça, em 2016, captaram
conversas entre dois suspeitos de integrarem a facção Sindicato do RN.
Alan Marcos Zico
Fonseca, conhecido como Alan Bigodinho, sugere a Raimundo Kleber Benicio da
Costa, o “Cego de Santa Cruz”, que a organização deveria infiltrar alguém na
política. O colega dá risada e diz que isso estava sendo providenciado.
Ele conta que, durante
as eleições daquele ano, foi procurado por um candidato a vereador do município
de Santa Cruz pedindo autorização para ingressar em uma área controlada pela
facção para “comprar votos”:
Confira a transcrição das conversas
Allan Bigodinho: Sabe
o que era para nós ter feito? Era pra ter infiltrado um pessoal nosso nessa
política aí.
Cego de Santa Cruz:
(risos) Mas está tendo. Tem um lá na Santa [município de Santa Cruz]. Quem
ligou pra mim foi Edu. Ligaram pra mim, tá ligado? Os meus vaqueiros é que
foram lá, entendeu? Os vereador (sic) que pediram pra subir lá, pra comprar
votos, entendeu?
Allan Bigodinho:
Demorou…
Cego de Santa Cruz: Aí
disse que, se ele ganhar, ele disse que fortalece lá a quebrada. Ele disse:
“pode deixar que, se eu ganhar, eu tô lá por vocês”.
Quem é o candidato?
O candidato em questão
não chegou a ser identificado pelos investigadores. “Não conseguimos
identificar de quem é que eles estavam falando”, afirma uma fonte ouvida pelo
UOL. “Não sabemos, por exemplo, se essa pessoa foi ou não eleita.”
O outro lado
A reportagem tentou
contato por telefone com os advogados de Alan e Raimundo com base no CNA
(Cadastro Nacional dos Advogados) mantido pela OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), mas até a última atualização desta reportagem, as ligações não haviam
sido atendidas.
UOL
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