Em sua sessão de despedida depois de
44 anos na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), chegou às lágrimas na noite desta quarta-feira (17) ao ser
homenageado por colegas.
Nas eleições de
outubro, o peemedebista deixou de disputar a reeleição para o Congresso e
tentou se eleger para o governo do Rio Grande do Norte, mas acabou derrotado.
Agora, ele é
cotado para assumir um ministério no segundo mandato da presidente Dilma
Rousseff na cota do PMDB da Câmara. A homenagem ocorreu
após quase nove horas de sessão, sendo prestigiado por parlamentares
governistas e oposicionistas.
“Vai ter a Câmara antes e [a Câmara] depois de Henrique Eduardo Alves”, disse o líder do PT, Vicentinho (SP). “O senhor tem uma carreira brilhante, de muito respeito”, completou. Responsável por puxar a série de afagos ao colega, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), afirmou que a “história da Câmara se confunde com a história de Alves”.
Ao ouvir os
deputados, Alves chorou, tirou um lenço do bolso para enxugar as lágrimas,
agradeceu os cumprimentos, mas não se manifestou.
Há quase dois anos
no comando da Casa, Alves colecionou enfrentamentos com o Planalto, impondo
derrotas ao governo da presidente Dilma Rousseff, e também com o STF (Supremo
Tribunal Federal) ao defender, por exemplo, autonomia do Parlamento para
discutir propostas.
Ele deixa o
comando da Casa sem conseguir aprovar sua principal bandeira de campanha que
torna obrigatória a execução de obras e investimentos indicados por deputados e
senadores ao Orçamento – as chamadas emendas parlamentares. Nos bastidores,
congressistas dão como certo a volta da proposta para a gaveta do Congresso.
Ao longo dos anos
no Congresso, Alves ficou conhecido por deslizar em forças concorrentes no
Congresso. Henriquinho, como é conhecido, é herdeiro político do clã iniciado
pelo governador do Rio Grande do Norte Aluísio Alves (1921-2006).
Parceiro do
vice-presidente, Michel Temer, Alves trabalha agora para eleger o líder do
PMDB, Eduardo Cunha (RJ), para sucedê-lo, mesmo com a resistência do Planalto. Em outras
tentativas de atuar fora do Congresso, o peemedebista não teve sucesso. Tentou
a Prefeitura de Natal em 1988 e 1992.
Na primeira,
perdeu para Wilma de Faria. Na seguinte, o clã Alves rachou e ele teve que
enfrentar a irmã gêmea, Ana Catarina, o que assegurou a vitória de Aldo Tinoco
no 2º turno.
Folha
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