Um homem de 58 anos
foi preso em flagrante suspeito de manter a mulher e a filha em cárcere privado
por 5 anos na cidade de São Bento, no Sertão da Paraíba. A informação foi
repassada pela Polícia Civil e a prisão aconteceu na manhã de terça-feira
(20). De acordo com as
investigações policiais, o homem agredia as vítimas e as deixava sem comida.
Mãe e filha só
conseguiram se libertar do cárcere após uma vizinha ter percebido a situação e
jogado um aparelho celular pelo muro para que a mulher chamasse a polícia e
pedisse ajuda.
Em depoimento à
polícia, o suspeito negou todas as acusações.
O delegado Sheldon
Andrius Fluck, responsável pelas investigações, disse que o casal morava junto
há 5 anos e que desde então a mulher, uma pedagoga de 29 anos, teria sido
submetida ao cárcere.
Eles tiveram uma filha
que atualmente está com 2 anos, que não teria sequer sido registrada e que
também era vítima de todas as agressões.
Ainda conforme o
delegado, um laudo médico comprovou as agressões na mulher e na criança.
Conforme o delegado,
ele "alegou que ela foi para colação de grau em João Pessoa ano passado. Eu questionei ela e
ela disse que fez uma faculdade à distância e que realmente foi para a colação
em João Pessoa, mas não procurou ajuda porque ele estava com a filha deles em
casa e ela não tinha nem registro.
Se ele fizesse algo
com ela, não teria nem como provar a existência da filha".
“Ela [a mulher] disse
que ele as agredia constantemente e as deixava passando fome.
Quando ele saía de casa
cortava a energia e ameaçava a mulher de morte caso ela contasse a alguém.
Ela não mantinha
contato com ninguém, nem com a família. Os vizinhos, que moravam na região há
cerca de três anos, nunca tinham visto a mulher nem a criança.
Elas só saíram de casa
para ir ao médico e mesmo assim eram enroladas com um cobertor, como foi no dia
do parto”, detalhou o delegado ao falar sobre o que a vítima relatou à polícia
durante o depoimento.
Sheldon Andrius
acrescentou que uma mulher que mora ao lado da casa onde as vítimas estavam
sendo mantidas em cárcere privado ouvia barulhos e escutava o choro da criança,
de modo que decidiu ajudar as vítimas arremessando o celular pelo muro para que
a mulher pudesse pedir socorro para sair do cárcere.
A vítima procurou a
polícia e, ao chegarem no local, os policiais constataram o fato. "O lugar
estava todo revirado, bagunçado e sem comida", pontuou o delegado.
O homem preso trabalha
em uma empresa de materiais de construção. Ele vai ser autuado por cárcere
privado e encaminhado para a penitenciária de Catolé do Rocha, também no
Sertão. A mulher foi ouvida e
liberada. Segundo a polícia, ela iria voltar para a casa onde teria sido
mantida em cárcere privado, pois a família dela é do estado de Pernambuco.
O G1 procurou
o Conselho Tutelar da cidade de São Bento para saber quais os procedimentos que
vão ser adotados com a criança, mas o órgão informou que até as 14h56 ainda não
havia sido notificado sobre o caso.
Ainda assim, a equipe foi
a delegacia para apurar as informações e adotar as medidas cabíveis, pois é
muito provável que a criança precise de um acompanhamento psicológico, de
acordo com o conselheiro tutelar Carlos Fernandes.
Eloyna
Alves, G1 PB
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